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Sessão de cinema: Mazzaropi em “O puritano da rua Augusta”

Amanhã, sábado, dia 08/04, o Museu da Imigração irá realizar uma sessão de cinema seguida de uma roda de conversa em parceria com o Museu Mazzaropi. O filme exibido será “O puritano da rua Augusta”, de 1965, e contaremos com a participação do professor Fábio Monteiro, mestre em História e produtor audiovisual, Caion Natal, doutor em História e professor da rede municipal de educação de São Carlos e Cláudio Marques, curador e colaborador do Museu Mazzaropi. O evento é gratuito e faz parte da 24º Semana Mazzaropi, que acontece em algumas cidades do estado de São Paulo entre os dias 3 e 9 de abril.
Os personagens representados no cinema por Amácio Mazzaropi são figuras muito peculiares para da cultura caipira paulista. Ele próprio filho de pai italiano e mãe portuguesa, traz em sua própria imagem, mas também em seus filmes, essa configuração miscigenada da região, que nota-se principalmente a partir do final do século XIX. Com apenas dois anos, mudou-se para Taubaté com a família - onde, atualmente, encontra-se a sede do Museu Mazzaropi. Lá, foi testemunho do encontro da cultura imigrante com a cultura caipira; aos 14 anos, muda-se para São Paulo no ano de 1926 e se aproxima do mundo do entretenimento, contando anedotas e causos, iniciando sua participação no teatro e no circo. Alguns anos depois, de volta a Taubaté, continua próximo aos palcos e percorre inúmeros municípios do estado com sua chamada Troupe Mazzaropi.
Sua produção cinematográfica tem início na década de 1950 e alcança um grande sucesso no país. “O puritano da rua Augusta” tem roteiro, produção e direção - além, claro, da atuação - de Mazzaropi; o filme conta a história de um industrial conservador que, após passar um tempo deixado em um asilo por parentes, retorna à ativa disposto a se vingar, implantando em si mesmo um tipo de plano de “modernização” pessoal para lidar com a família.
O cinema no Brasil, na época, estava se difundindo em muitas regiões do país. O início dos anos de 1950 foi marcado pelas tentativas de industrialização, que alcançou também a indústria cinematográfica. No decorrer da década, um gênero que alcançou bastante repercussão foi a chanchada, comédias de fácil acesso. Nesse cenário, as comédias caipiras de Mazzaropi conquistaram grandes bilheterias e eram conhecidas e apreciadas por diversos tipos de público.
Devido à existência de um projetor de filmes em nosso acervo museológico, podemos inferir que havia, na antiga Hospedaria de Imigrantes no Brás, sessões de cinema oferecidas aos acolhidos. Será que, em alguma ocasião, eles assistiram um filme do Mazzaropi? Ainda não temos resposta a essa pergunta, mas certamente é uma oportunidade imperdível assistir um de seus filmes nesse mesmo edifício, que hoje abriga o Museu da Imigração.
